terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Na hora dos balanços finais

Na hora dos balanços finais, como qualquer merceeiro bem organizado, procuro ser criterioso com os eventos que me envolveram ao longo da viagem, embora pressinta a ambivalência implícita no acto de me avaliar, como se fosse simultaneamente eu e um outro que me escapa furtivamente nos estratos da memória. Dizer-me é, pois, de certa forma, dizer o outro/os outros que me foram habitando no percurso da vida. A memória é um labirinto onde busco em vão o fio de Ariadne, onde o princípio é nebuloso e o fim é algo que, apenas como antecipação fictícia, posso registar. Ou melhor, os outros registarão, caso haja interessados. E, entre o princípio e o fim, os factos baralham-se, perdem sequência cronológica e aparente significação selectiva.

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