segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Vestido de Fogo - As Aventuras de Lili

Ensor - As Máscaras Singulares (1892)



   Ó cronista! Andas muito distraído com o comício do Sócrates e com a transferência do Dr. Fernando Nobre do clube soarista, arquétipo da nobreza do carácter, para o clube do Passos Coelho – uma transferência de milhões, segundo dizem. Ou então andas de cabeça perdida com a chegada dos senhores do FMI que vão tomar conta deste país durante décadas, tantas que já não estarás cá para ver o fim, que nem escreves sobre o que de mais importante se passou neste país este fim-de-semana!
-    Benévolo leitor, de política o meu silêncio é de ouro, conforme prometi ao meu reduzido mas sempre atento público, quanto ao resto nada me parece ter acontecido digno de registo. A não ser que te refiras à estilista Katty Xiomara que polemicamente afirmou preferir a estética dos “dragões” à da sempre airosa Maria Cavaco Silva, uma senhora de cunho cosmopolita em qualquer lugar do mundo, apesar da sua silhueta bem lusíada.
-     Nada disso! Não ouviste falar do vestido de fogo?
-     Da novela do Régio?
-     Uma bela história de facto, mas eram outros tempos. Refiro-me ao vestido da Lili a arder aos fulgores do fogo-de-artifício na inauguração do Baile da Rosa, na sempre invicta cidade do Porto.
-     Não me digas que foi mais uma manobra do Pinto da Costa. A Lili é uma ferrenha adepta do glorioso Benfica e depois do “apagão” isso cheira-me a vingança.
-     Não me parece que tal se deva a negócios futebolísticos. Sabes, as más-línguas dizem que a Lili tem uma certa propensão para a  piromania. Isto é, gosta de brincar com o fogo para alimentar a chama que arde eternamente no seu coração. Uma vez, verdadeira devota de Nossa Senhora de Fátima, durante a procissão em Fátima, os seus cabelos doirados, ouro puro já se vê, confundiram-se com as chamas das velas, e se não fosse o rápido sopro do Espírito Santo teria ficado careca. É uma predestinada, não tem escolha e, segundo parece, é um mal de família, pois já uma tia da mãe morreu imaculada com o vestido em chamas.
      Desta vez, certamente ao apelo do fogo das rosas, o seu magnífico vestido bem cintado e até aos pés, uma diva a iluminar a noite tripeira, atraiu as lanças flamejantes do fogo-de-artifício: uma Vénus a nascer do fogo. O problema é que o vestido que tão excelsamente promovia era da Veste Couture. E a diva interrogava-se angustiada, depois da intervenção rápida de um operador de câmara, sobre quem pagaria o seu vestido queimado com as lágrimas do fogo-de-artifício. Apenas o seu corpo lácteo resistiu incólume a tal tragédia. Como vês cronista há mais vida em Portugal para lá do FMI e das politiquices enfadonhas com que nos estragam o quotidiano. Bem-hajam as Lili Caneças deste nosso mundo, para nos libertarem do tédio e da miséria em que estamos mergulhados. 


2 comentários:

  1. Sim, levemos a vida com humor, porque "tristezas não pagam dívidas".

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  2. Anda a rapaziada no geral muito apreensiva com esta gente da chamada tal" Troika". O tio Adalberto até dizia há dias, "de onde é que apareceram estes russos, se a festa do Avante é só para Setembro!...A vistas desta calamidade: vai a diva de Caneças dando corda ao traquejo dos " programas- cor- de rosa; sendo a notícia da sua parecida " combustão espontânea" ( por horas), o eclipsar dos ditos dos que vêm a pé do hotel, e as falas de tão Nobre personagem que assombra Rato e Lapa.Vai Lili!...Vai a qualquer tribu do Botswana e diz-lhe que o Reali Show é aqui...

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